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Análise | For Honor

For Honor foi um dos lançamentos mais aguardados de 2017. O jogo de ação em terceira pessoa com temática medieval foi desenvolvido pela Ubisoft Montreal para as plataformas PlayStation 4, Xbox One e PC. Mas será que todo o hype é justificado?

História

Um cataclisma natural trouxe uma era de guerras contínuas entre cavaleiros, vikings e samurais. A história se passa em um momento onde essa guerra está esfriando e as facções estão tendendo à acordos de paz. Em For Honor a campanha está dividida em três capítulos, que são vividos por personagens diferentes que têm seus destinos alterados pela antagonista principal, Apollyon, em sua tentativa de iniciar uma nova era de conflitos entre as três facções.

Não vamos nos aprofundar muito na análise da história porque está claro que For Honor é um título voltado para o combate multiplayer. A campanha tem o único papel de localizar o jogador no universo temático do título e principalmente servir de tutorial, introduzindo a inovadora forma de combate que o título apresenta.

Assim, a campanha single player – que também permite ser jogada em co-op – é só pretexto para um tutorial e isso resultou em uma história genérica e sem graça, com personagens igualmente genéricos e sem carisma, que pode acabar sendo maçante. Mas gostando disso ou não, é um primeiro contato com o mundo de For Honor e apesar da campanha ser curta demais pra explicar todos as nuances do combate, ela faz bem seu papel de introduzir o jogador no mundo e prepará-lo para iniciar o modo multiplayer.

Jogabilidade

É aqui que For Honor mostra para o que veio. Antes de mais nada precisamos ter em mente que For Honor é um jogo de luta. Não é um RPG de ação nem um hack and slash. Tudo no jogo é focado em criar uma experiência de combate corpo a corpo competitiva e balanceada.

O jogo apresenta quatro personagens diferentes para cada facção totalizando assim 12 personagens jogáveis. Eles podem ser usados em quatro modos de jogo diferentes: Duel, Brawl, Dominion e Elimination, cada um com suas regras e particularidades. Agora que temos uma noção básica da estrutura do multiplayer que For Honor propõe, podemos mergulhar no título.

Toda a experiência do combate deriva do sistema de batalha implementado chamado The Art of Battle. Esse sistema complexo de luta faz com que o jogador tenha que administrar diversas variáveis como peso do personagem e de seus equipamentos, velocidade do ataque e sua direção, distância do inimigo e outros. Mas a cereja do bolo está na forma como a interação de ataque e bloqueio foi implementada: com esse sistema, o jogador pode assumir três posturas de ataque e defesa diferentes. Sempre que atacar estará usando uma dessas posturas e para se defender, deve copiar a postura do adversário.

Há quem diga que isso transforma os combates de For Honor em um joquempô medieval, mas não é bem assim. Você precisa analisar cuidadosamente o estilo de luta do seu oponente e reagir em um curtíssimo espaço de tempo. Em níveis mais altos, fica claro que essa mecânica depende muito mais de treino e atenção do que mera sorte. Devido à complexidade das batalhas, o jogador precisa conhecer os personagens e suas características, combos e habilidades. Isso implica em uma curva de aprendizado íngreme que torna For Honor um jogo difícil de aprender e principalmente, de dominar.

Mas, se ao mesmo tempo esse The Art of Battle traz um sistema de batalha com diversas camadas de profundidade e decreta a morte do button smash, algumas escolhas de game design parecem ir na direção contrária. Problemas de balanceamento entre os personagens já eram esperados, mas a adição de um sistema de itens com aprimoramentos para status, força o desbalanceamento do combate. Os jogadores param de competir em termos de habilidade e passam a competir em termos de itens e de quem tem a melhor build para o mash up. E para piorar, é possível acelerar o processo de obtenção e aprimoramento de itens ao investir dinheiro no jogo, o que só agrava o desbalanceamento.

Média histórica de jogadores online em For Honor desde o lançamento
Média histórica de jogadores online em For Honor desde o lançamento. Fonte: Steam Database.

Além disso, em um jogo que tem intenção de ser competitivo, a escolha da arquitetura de rede não foi positiva, sendo inclusive uma das maiores reclamações dos jogadores. A utilização do modelo Peer-to-Peer tem resultado em descontentamento geral pois cria instabilidade nas partidas, uma dessincronização considerável entre os jogadores, além de possíveis problemas de segurança, o que impede o ótimo funcionamento do sistema de combates. Em um jogo onde cada frame é importantíssimo e pode ser a diferença entre a vitória e a derrota, é curioso que a Ubisoft tenha optado por economizar não utilizando servidores e assim atrapalhando muito a aceitação do próprio jogo deles.

Inclusive, esse é um dos motivos pelos quais For Honor perdeu uma parcela extremamente significativa da sua player base. Passou de mais de 45 mil players por dia logo após seu lançamento para meros 5 mil players por dia quase dois meses depois. Uma queda expressiva em um período de tempo muito curto.

Gráficos

Já quando o assunto é a parte visual, For Honor ganha vários pontos. A execução gráfica é sim bonita e sem exageros mas é a ambientação e a fidelidade visual que queremos destacar.

Os cenários da campanha foram cuidadosamente criados com base em referências históricas. Assim, a identidade visual de cada facção é muito próxima da realidade, o que cria uma ambientação excelente e instaura o clima do jogo. Não só os cenários foram feitos com carinho, mas também os heróis: as roupas são muito ricas em detalhes, o que ajuda a dar vida ao universo e aos personagens.

Batalha épica em For Honor.
Batalha épica em For Honor.

Assim, em termos de design do jogo, a coerência é mantida. Tanto o combate como os ambientes e os heróis se aproximam o máximo possível, dentro de certas limitações, da realidade. Essa convergência de fatores torna o título mais tangível para o jogador e a experiência se torna mais imersiva.

Problemas comuns como texturas de baixa resolução ou texture popping em For Honor não são tão frequentes. For Honor não escapa dos atuais clichês de pós-processamento como a utilização exagerada de aberração cromática ou motion blur, mas a parte gráfica do jogo foi realmente bem polida. O posicionamento e comportamento da câmera também foi muito bem pensado para não impactar negativamente as batalhas em lugares menos espaçados. Assim, o jogador não sente claustrofobia nem é atrapalhado pela câmera, algo que seria inadmissível em um jogo competitivo que se preze.

Sonoplastia

Com relação aos efeitos sonoros, podemos dizer que o jogo traz sons realistas e condizentes com o esperado mas o leque de áudios é pequeno. Metal colidindo com metal gera um ou dois sons. Não importa se mudem as espadas e armaduras, o efeito sonoro aplicado sempre é o mesmo. Ou seja, por mais que os sons pareçam autênticos, logo você percebe que eles estão se repetindo. Por um lado é difícil justificar em um título tão grande um orçamento maior na área acústica mas ao mesmo tempo, essa é uma escolha que caminha na direção contrária à tudo que o jogo vem construindo.

É possível perceber, pelo menos, alguns cuidados com o áudio do jogo que contribuem com tom de realismo no áudio do jogo. É possível ouvir o barulho pesado e arrastado das armaduras dos cavaleiros balançando ao andar, por exemplo. Já em personagens mais leves, o barulho do tecido também pode ser ouvido. É um detalhe extra que casa bem com o tom proposto pela equipe de desenvolvimento. Então pois é, nem todas as escolhas de sonoplastia estão na direção errada.

Falando sobre a música de fundo, ela raramente é presente, impactando muito pouco no gameplay. Ela é percebida a maior parte das vezes apenas durante cutscenes ou batalhas contra oponentes importantes, mas é possível notar que as trilhas sonoras buscam inspiração dentro da cultura que elas representam. As trilhas dos cavaleiros apresentam uma inspiração medieval, as trilhas dos vikings mostram forte inspiração na música escandinava, enquanto que as trilhas dos samurais são baseadas na música japonesa, com a presença marcante do Taikö.

Batalha de cavaleiros em For Honor.
Batalha de cavaleiros em For Honor.

A dublagem do jogo não é a melhor do mundo. Não há nenhuma atuação que realmente tenha se destacado. Além disso, poucos efeitos são aplicados às vozes dos personagens, é difícil notar alguma diferença nas vozes quando entoadas em ambientes distintos. As vezes, até a fala por trás dos capacetes não é convincente.

Para quem servir, o jogo oferece opção de dublagem em português. Ela apresenta qualidade similar à dublagem em inglês, então se você tem dificuldade com a língua, jogar em português não oferecerá nenhum prejuízo à sua experiência.

Além das dublagens do script do enredo, vale ressaltar que é possível ouvir, durante as batalhas, frases ditas pelos inimigos das facções opostas na linguagem original da facção. Cavaleiros entoam brados em latim, vikings gritam em islandês e os samurais pronunciam frases em Japonês. Essas falas no meio da batalha são incrivelmente imersivas, muito bem interpretadas e agregam muito ao gameplay.

Conclusão

For Honor é um jogo com grande potencial, mas infelizmente não entrega o que promete, principalmente na atual faixa de preço.  Os problemas constantes de matchmaking e de conexão, aliados aos desbalanceamentos tanto de classes quanto dos itens podem acabar sendo extremamente frustrantes. É possível que no futuro mudanças sejam feitas na direção de corrigir esses problemas. Chegado esse dia, For Honor será um belíssimo título para fãs do estilo! Até lá, eu particularmente vou deixá-lo encostado.

E vocês o que acharam do novo título da Ubisoft? Digam aí pra gente o que acharam sobre o jogo e sobre a análise!

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