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Análise | Life is Strange 2, “Episódio 1: Roads”

Nos últimos anos, após o lançamento de The Walkind Dead pela Telltale Games, os jogos de aventura gráfica, com foco na narrativa ganharam popularidade. Estes games são caracterizados por uma história densa, onde suas escolhas ao longo do gameplay terão profundas consequências nos eventos que movimentam o enredo, não só com relação a caminhos a seguir, como também os posicionamentos e respostas a NPCs afetarão todo o desenrolar da campanha.

Em meio a essa seara, Life is Strange foi lançado em cinco episódios entre janeiro e outubro de 2015, desenvolvido pelo estúdio francês Dontnod Entertainment e, publicado pela Square Enix. Como grande diferencial, além da excelente história já característica nos jogos do gênero, aqui teríamos acesso a mecânicas de jogo com adição de elementos realmente interessantes, quebrando a monotonia que alguns jogadores poderiam sentir em games de narrativa gráfica onde tudo se limitada ao enfadonho point-and-click.

O primeiro jogo da série contava com perspectiva em terceira pessoa, além de uma mecânica que permitia ao jogador voltar no tempo, refazendo algumas ações já executadas. Era possível interagir com diversos objetos do cenário, por meio dos quais os puzzles do gameplay são resolvidos. Life is Strange foi muitíssimo bem recebido, tanto pela crítica especializada, quanto pela comunidade de jogadores, e como era de se esperar, uma sequência para foi anunciada em março de 2017, sendo o primeiro episódio lançando em 26 de setembro de 2018.

E é o início da “nova temporada” de Life is Strange que vamos conferir agora, venha comigo!

A VIDA COMO ELA É

Em Life is Strange 2 todas as coisas que acontecem ao longo do gameplay têm importância direta para a história. Aqui, vamos acompanhar parte do cotidiano de uma família de ascendência mexicana, que leva uma vida simples e normal (até certo ponto) em meio a sociedade americana moderna.

Os irmãos, Sean e Daniel Diaz, de 16 e 9 anos, respectivamente, são obrigados a fugir de casa após um trágico incidente em Seattle. Com medo da polícia, os dois seguem em direção ao Sul, tentando chegar ao México, onde poderiam encontrar parentes ou amigos do seu pai, na tentativa de ocultar um repentino e misterioso poder sobrenatural.

A vida na estrada é difícil e, agora que é responsável pelo irmão pequeno, Sean se dá conta que suas decisões irão impactar a vida deles para sempre. Ele será o responsável por abrigar e alimentar Daniel, protegendo-o dos perigos e armadilhas, preparando-o para o que a estrada lhes reserva.

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Durante o primeiro episódio, após os eventos iniciais que motivam a fuga dos garotos, Sean e Daniel Diaz vão se deparar com diversas pessoas, boas e ruins, e caberá a você guiá-los nessa jornada de sobrevivência. Você vai conhecer pessoas maravilhosas, que se preocupam apenas com seu bem-estar, mas também com pessoas com conceitos de moral e ética duvidosos, que muito pouco se importam com o que poderá acontecer a você e ao seu irmão.

E é impressionante como o enredo do jogo, por intermédio de diálogos inteligentes e verossímeis, constrói pouco a pouco cada um dos personagens que nos vão sendo apresentados. Ao longo dos excelentes diálogos vamos capturando informações preciosas a respeito das suas características pessoais e motivações, é como se estivéssemos assistindo a um bom filme, ou lendo alguns dos livros de Stephen King, onde tudo parece estar dentro da mais perfeita normalidade, até que as coisas começam a tomar um rumo completamente inesperado e surpreendente, afinal de contas, a vida é estranha.

Em uma road trip moderna, elemento icônico da cultura norte americana, que foi e é fonte de inspiração para inúmeros livros, filmes, séries e músicas, em Life is Strange 2 vamos mergulhar de cabeça na controversa sociedade presidida por Donald Trump, onde diversos dilemas atuais são abordados com crueza, como quando um senhor racista e xenofóbico tenta pôr um ponto final na fuga dos irmãos Diaz, ora por momentos onde o melhor do caráter humano é revelado, e a ajuda vem de onde menos se espera.

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ON THE ROAD

O que move um game! Uma jogabilidade bem polida, onde tudo o que acontece na tela está sob seu mais absoluto controle e depende estritamente das suas habilidades enquanto jogador, ou um título que conte com uma história profunda e complexa, onde cada detalhe do que se passa durante o gameplay está amarrado a um enredo?

Raros são os jogos que conseguem fazer a junção desses dois aspectos fundamentais, ou mesmo dosá-los de maneira adequada, porém, ouso dizer que Life is Strange 2 chega perto da excelência nesses dois quesitos fundamentais. Mesmo se tratando de um jogo movido pela narrativa, que, diga-se de passagem é arrebatadora, ainda teremos a satisfação de uma experiência de gameplay que vai MUITO além do apenas apertas botões em quick-time-events.

A jogabilidade de Life is Strange 2 segue na mesma linha do primeiro jogo. Aqui controlaremos Sean, podendo andar, correr, interagir com objetos e coletá-los em dados momentos. No início da nossa jornada, vamos poder explorar florestas, onde colheremos frutinhas (alimentos), além de lenha para fazer fogueiras, e outros materiais necessários para construir um abrigo improvisado.

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Todo o jogo tem foco na dinâmica entre os irmãos, Daniel não lembra de nada do que aconteceu para que eles tivessem que fugir de casa. Caberá a Sean encontrar o momento mais propício para contar ao irmão, que dá sinais de possuir poderes sobrenaturais, muito similares aos de Eleven, em Stranger Things. Ao longo da exploração dos cenários, você poderá interagir com Daniel, dando a ele ordem e orientações, podendo pedir que ele te ajude a executar determinadas tarefas, além de mantê-lo afastado de perigo.

Por mais que a jogabilidade seja simples, é bem polida e os controles sempre funcionam à perfeição. Life is Strange 2 nos oferece um drama interativo onde nunca perdemos a sensação estarmos sob o controle das ações que se desenrolam ao longo do gameplay. Os únicos problemas estão relacionados a bugs ocasionais da movimentação de Daniel, que trava em locais específicos do cenário, porém não é algo que chegue a atrapalhar o avanço no jogo.

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GRÁFICOS E TRILHA SONORA

No que diz respeito aos aspectos visuais do jogo, tudo está melhorado em relação ao primeiro jogo da série, porém não vamos encontrar nada de excepcional nesse ponto. As expressões faciais dos personagens são até interessantes, e todo os cenários do jogo são bonitos, ricos e detalhes e apresentam uma palheta de cores quentes que dá uma sensação de vivacidade ao mundo criado. Os pontos altos estão relacionados à excelente dublagem e a uma trilha sonora espetacular, que não deixam desejar em relação ao primeiro jogo da série.

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CONCLUSÕES

Life is Strange 2 é um jogo mais ambicioso, que consegue manter o excelente nível alcançado no primeiro jogo da série, trazendo grandes melhorias gráficas, além de um mundo mais vasto e uma temática que permite possibilidades mais grandiosas e abrangentes. O episódio 1 dá uma amostra espetacular do que os próximos têm para oferecer, terminando com um cliff-hanger sensacional, que insere de vez o elemento sobrenatural ao enredo do jogo, e cria imediatamente uma grande expectativa a respeito dos rumos que a história pode tomar.

Se você é fã das obras de Stephen King ou de seriados como Stranger Things, Life is Strange 2 seguramente deve entrar na sua lista de jogos, e eu garanto, cada minuto de jogatina vai prender sua atenção e despertar sua curiosidade, te proporcionando bons momentos de alegria e angústia, além de uma experiência de jogo realmente satisfatória, que vai além dos maçantes quick-time-events.

VERSÃO FINAL

“Uma cópia de Life is Strange 2 foi gentilmente cedida para análise pela Square Enix

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